CASTRAÇÃO

Existem muitas dúvidas, mitos e polêmicas quando o assunto é castração.
Muitos tutores perguntam sobre castrar ou não seu animal de estimação, qual a melhor
idade para fazer o procedimento cirúrgico, e quais suas vantagens e desvantagens em
relação a saúde do animal .
Primeiro, esqueça todos os mitos que os cães precisam cruzar antes de ser
castrados, ou que fêmeas precisam ter pelo menos uma cria. Cães não sofrem por falta
de atividade sexual e as fêmeas tem mais chances de desenvolvimento de tumores de
mama e útero após uma cria. Por isso, os acasalamentos de cães de raças, devem ser
feitos apenas em canis especializados e credenciados. Os cães para reprodução são
acompanhados periodicamente pelos médicos veterinários responsáveis , são
submetidos a exames constantes, para estarem sempre saudáveis neste ciclo . A saúde
mental e física devem estar sempre em primeiro lugar.
A castração pode evitar que os animais adquiram certas doenças, mas os deixam
mais propensos a outras.
A idade certa para realizar a castração de um cão pode variar. A maioria dos
veterinários recomenda que seja feita entre os seis e oito meses de idade, quando o pet
já trocou toda a dentição e tomou todas as vacinas. No entanto, no caso de cães de
grande porte e gigante, como por exemplo, o Golden Retriever, o ideal é esperar a
fêmea completar um ano de idade, e o macho dois anos para realizar o procedimento.
Veja nas explicações das vantagens e desvantagens.
VANTAGENS E DESVANTAGENS DA CASTRAÇÃO
É necessária mais investigação nesta área em particular nas especificidades de
cada raça de cão e relativamente às doenças relacionadas com predisposição racial e a
idade para esterilização.

No geral, VANTAGENS de castrar um cão:

  • Controle populacional : A castração de caninos e felinos é uma importante
    ferramenta no controle populacional. Tradicionalmente, tem sido recomendada após o
    animal atingir a puberdade, mas uma demanda relativamente recente pela adoção de
    filhotes de abrigos já castrados despertou a classe veterinária para a castração realizada
    em período pré-púbere. O tema castração de animais, incluindo a castração pré-púbere,
    foge, muitas vezes, do âmbito puramente técnico para o âmbito social.
    Constatou-se que grande número de proprietários adotavam filhotes em abrigos com o
    compromisso de castrá-los posteriormente, mas falhavam em fazê-lo e permitiam a
    reprodução, gerando, muitas vezes, proles indesejadas (Stubbs et al., 1995; Howe e
    Olson, 2000). Em estudo conduzido por Dorr Research Corporation of Boston e
    publicado pela Massachusetts Society for the Prevention of Cruelty to Animals
    (MSPCA), 73% e 87% dos proprietários de cães e gatos respectivamente, afirmavam
    que seus animais eram castrados, mas aproximadamente 20% acabavam produzindo
    pelo menos uma ninhada antes da cirurgia. Dessa maneira, a castração pré – púbere,
    filhotes, passou a ser uma importante ferramenta no controle da superpopulação e
    abandono de animais (Howe e Olson, 2000);
  • Nos machos, a castração previne o aparecimento de tumores testiculares e
    hiperplasias prostáticas, já que durante o procedimento os testículos dos animais são
    removidos. A chance de um problema na bexiga, como a micção, também são evitados
    com o procedimento;
  • diminuição de disputas por fêmeas e território (principalmente demarcação pelo habito
    de urinar);
  • Nas fêmeas, a esterilização previne o aparecimento de tumores mamários e úetro
    condição bastante frequente em fêmeas não esterilizadas. Grande parte destes tumores
    têm um caráter maligno. Consegue evitar-se também problemas como piometras,
    quistos ováricos e hiperplasias endometriais. Para além disso, a cadela deixa de ter o
    cio;
  • Elimina-se a chance de gravidez psicológica e uso anticoncepcional, que nas cadelas
    acarreta vários problemas de saúde e não é indicado para prevenir a gravidez;
  • O cio, as perdas de sangue e a gravidez psicológica nas cadelas, e a designada secreção
    prepucial nos machos (abominada pelos donos, dados os constrangimentos higiénicos)
    são questões que não se aplicam a cães e cadelas castrados. Apesar de prevenir algumas doenças, a castração também pode deixar o animal
    propenso a outras doenças , algumas DESVANTAGENS da castração:
  • Complicações durante a operação: Por conta do procedimento necessitar de
    anestesia geral, riscos sempre estarão envolvidos. A idade do cão também influencia
    nesse quesito: quanto mais velho, maior a possibilidade de problemas durante o
    procedimento;
  • Perturbação do equilíbrio hormonal natural do animal com consequências de grande
    alcance para o organismo e também a nível psicológico, particularmente problemático
    em casos de castração prematura (risco do desenvolvimento de doenças do sistema
    musculoesquelético e estagnação do desenvolvimento mental);
  • Propensão a dois tipos de câncer : o osteossarcoma, que atinge os ossos; e o
    hemangiossarcoma, que ataca os vasos sanguíneos, tem mais chance de ocorrer após o
    procedimento;
  • Risco elevado de incontinência urinária: (especialmente em fêmeas de raças de
    grande porte, como Dogue alemão, Terra-nova, Leonberger, Boxer, Schnauzer gigante e
    Dobermann) e aumento do risco do aparecimento de outros tumores;
  • Caso o animal tenha sido castrado na fase pré – púbere, enfermidades como a
    displasia de quadril e a ruptura do ligamento cruzado cranial podem aparecer;
  • A mudança hormonal também pode ocasionar hipertireoidismo, que acontece
    quando a tireóide funciona excessivamente e causa emagrecimento, taquicardia e
    aumento do volume da tireoide;
  • Hipotireoidismo : ocorre devido a queda dos hormônios sexuais no bichinho causada
    pela castração. “A castração é um fator predisponente, e isso tem sido associado ao
    efeito dos hormônios sexuais no sistema imune. A castração aumentaria assim a
    severidade da tireoidite auto-imune.” Fonte: Universidade Federal do Rio Grande do
    Sul. “Essa disfunção hormonal acomete, principalmente, cães de médio ou grande porte,
    entre 4 e 8 anos de idade. As raças mais predispostas são: Golden Retriever, Labrador,
    Dobberman, Cocker Spaniel, Poodle, Beagle, Chow chow, Dachshund e Airedale.
    Fêmeas castradas apresentam maior risco de acometimento. Fonte: Fundação Medicina
    Veterinária;
  • Obesidade : Essa é mais popular, quase todo mundo sabe que os bichinhos tendem a
    engordar após a castração.
    Isso se deve a uma perda do interesse em atividades físicas por parte dos animais
    castrados e a diminuição considerável dos hormônios sexuais (que ajudam no controle
    do peso). . É necessário tratar a obesidade como qualquer outra enfermidade.” “A
    ocorrência da obesidade é uma das formas mais importantes e frequentes da má nutrição
    observada na prática clínica de pequenos animais. Estima-se que afeta de 6 – 12% dos
    gatos, e 25 – 45% da população canina.
    O excesso de peso é um desequilíbrio orgânico que põe em risco à saúde geral, por ser
    um fator altamente predisponente a muitas outras patologias, determinando problemas
    do sistema locomotor e das articulações, alterações cardiopulmonares e endócrinas,
    como a diabetes mellitus, maior susceptibilidade às enfermidades infecciosas, além de
    aumentar os riscos de complicações cirúrgicas (Moser, 1991b; Biourge et al., 1994;
    Ettinger e Feldman, 1995).” Fonte: Universidade José do Rosário Vellano;
  • Em raças com o pelo comprido pode ocorrer que a estrutura do pelo mude. O pelo
    profundo da cama interna torna-se mais espesso e cobre a camada superior do cão,
    dando-lhe assim uma aparência descuidada e sem brilho;
  • Tumores adrenais: Macedo (2011) diz que há uma predisposição nas raças de
    cães como Poodles, Dachshunds, Boston Terriers e Boxers ao desenvolvimento de
    tumores destas glândulas após a castração. Contudo, alerta que pode ocorrer em
    qualquer raça;
  • Dermatopatia hormonal: A dermatose responsiva à testosterona é responsável por
    modificar a cor da pelagem em cães castrados.
    “A dermatose responsiva à testosterona em machos (hipoandrogenismo) tem etiologia
    desconhecida e apresenta sinais clínicos de alopecia bilateral simétrica, modificação na
    cor da pelagem e ocorre em cães castrados. Entre os diagnósticos diferenciais devemos
    incluir o hiperadrenocorticismo e o hipossomatotropismo.”;
    Ler estudo completo https://www.ufrgs.br/lacvet/restrito/pdf/hormonioterapia_peq.pdf
  • Linfomas: É um câncer do sistema linfático, pode ocorrer principalmente em fêmeas
    ovário-histerectomizadas (castradas) ;
  • Pancreatite: “A pancreatite é uma patologia associada a uma alta taxa de mortalidade,
    principalmente por translocação bacteriana, não somente em animais, mas também em
    humanos. (…) Cães da raça yorkshire estão na zona de maior risco, (…) Machos e
    fêmeas castradas parecem ter um risco maior de sofrer da pancreatite, comparados com
    fêmeas intactas.” Fonte: Roche Diagnóstica Brasil;
  • Crescimento elevado : Caso a castração seja realizada antes do final do período de
    crescimento do cão, ele pode acabar crescendo além do normal. Confira quando cães de
    diferentes portes param de crescer:
    Pequeno porte (abaixo de 10 kg): até os 10 meses;
    Médio porte (de 11 a 25 kg): até 12 meses;
    Grande porte (26 a 44 kg): até 15 meses;
    Porte gigante (acima de 45 kg): crescem aproximadamente de 18 a 24 meses.
  • A castração precoce pode ser sinónimo de problemas e de doenças no sistema
    musculoesquelético. Além disso, cães e cadelas castrados veem aumentadas as
    probabilidades de serem acometidos por outros tumores; de acordo com várias
    investigações, a castração em pré – púbere contribui de forma negativa para a ocorrência
    de tumores cardíacos, do baço e ósseos.
    MÉTODO CIRÚRGICO
  • Gonadectomia ou castração pré-púbere significa a esterilização cirúrgica de animais
    sexualmente imaturos.
  • FÊMEA : “A ovariosalpingohisterectomia (OSH) é
    o método cirúrgico de escolha para a esterilização da cadela e gatas . Existe a vantagem
    adicional da redução do risco de neoplasias mamárias se realizada antes do 1º ou 2º
    ciclo estral e ainda elimina o risco de piometra e pseudogestação. Esta intervenção
    apresenta efeitos colaterais como, incontinência urinária, obesidade, vulva infantil,
    alopecia, mudança da cor e da textura dos pêlos, além de ser um método irreversível.
    Dentre outras complicações existe também a Síndrome do Resto Ovárico (Animais com
    SRO apresentam sintomas relacionados com a produção endógena de hormônios pelo
    resto de tecido ovariano presente no abdomen.”). Fonte: Universidade Federal do Rio
    Grande do Sul.
  • MACHO: “A orquiectomia é o método cirúrgico de
    escolha para a esterilização dos machos. As complicações mais frequentes que ocorrem
    após a orquiectomia incluem obesidade, incontinência urinária, pancreatites, neoplasias
    prostáticas e alopecia (Soares e Silva, 1998; Salmeri et al., 1991; Howe e Olson, 2000;
    Johnston et al., 2001). Howe e Olson (2000) relataram retardo do fechamento das fises
    dos ossos longos (rádio/ulna) em cães castrados com sete semanas de vida ou aos sete
    meses, sugerindo um ligeiro aumento da estatura dos animais quando comparados aos
    não-castrados.
    Relativamente aos machos, é feita uma incisão no escroto. Os testículos e os epidídimos
    são deslocados, o cordão espermático e as veias sanguíneas são ligadas. Desta forma,
    ambos os testículos podem ser removidos através de uma única incisão. No caso de o
    escroto estar deslocado, este deve ser removido. É muito raro, mas se um ou ambos os
    testículos não tiverem descido para o saco escrotal (criptorquia), permanecendo na
    virilha ou na cavidade abdominal, é necessário considerar uma intervenção diferente.
    Após a operação ( macho e fêmea), é importante que sejam evitados grandes esforços –
    isto até que os pontos sejam removidos, cerca de 10 dias depois. Além disso, para que a
    ferida cicatrize bem não deve ser aplicada qualquer tipo de pressão sobre a mesma. O
    aconselhável é manter a trela curta e adiar os passeios mais longos e aventureiros para
    mais tarde. Também subir escadas e saltar desde o sofá ou do porta-bagagens são
    movimentos a evitar.
    CONSIDERAÇÕES FINAIS
    Castrar ou não um cão é, então, uma decisão que requer ponderação. Para que
    sejam evitadas surpresas desagradáveis ou decepções relativas a expectativas não
    satisfeitas, o médico veterinário deve explicar em detalhe os prós e os contras do
    procedimento. Informe-se acerca da operação em si, do processo de recuperação e das
    alternativas possíveis e reserve algum tempo para refletir antes de tomar uma decisão
    definitiva. É fundamental que o veterinário conheça bem o animal antes de fazer
    recomendações. A castração não constitui a solução ideal para todos os cães – cada
    caso é um caso e é imperativo que os prós sejam superiores aos contras. Fatores
    individuais, como raça, género, idade, peso, tamanho e comportamento social são
    determinantes para a decisão. Se não se sentir totalmente seguro ou tiver a sensação
    de que o médico veterinário não está a ser claro o suficiente, não hesite e procure uma
    segunda opinião.
    Embora muitos donos discordem da medida, castrar o cachorro pode ser
    um benéfico necessário. Mesmo assim, a decisão deve ser bastante ponderada e
    receber ajuda de um veterinário, já que podem existir ricos e desvantagens
    também.
    Fontes:
    https://canaldopet.ig.com.br/cuidados/saude/2018-01-26/castrar-o-cachorro.html
    https://www.nutrire.ind.br/blog/post/castracao-em-caes-vantagens-e-desvantagens
    https://www.zooplus.pt/magazine/caes/saude-do-cao-e-cuidados/castracao-de-caes
    https://sites.google.com/site/saudecanina/artigos-uteis-aos-leigos-e-aosveterinarios/castracao-caes-algumas-das-doencas-que-podem-ser-causadas-pelaextracao-dos-testiculos-ou-dos-ovarios
    https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS9C6FBU/1/monografia_castra__o_precoce_para_entregar.pdf

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